terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Revista italiana Demo



terça-feira, 25 de agosto de 2009

Guia Nissan Lugarzinhos

Criado a partir de uma crônica de Luis Fernando Verissimo, o Guia Nissan Lugarzinhos, apresenta 101 lugarzinhos charmosos, exóticos ou curiosos no Brasil. Direção de arte é de Mikha Seddig e as ilustrações de Joana Lira. Textos e edição de Gabriela Erbetta e Paulo Lencina. Projeto finalista do Grand Prix de Mídia - Prêmio Abril 2004.
















Chicabon 65 anos


O poder das refeições



Até o último fio


quarta-feira, 8 de julho de 2009

A vida me tirou para dançar

Com um sorriso no rosto, essa mulher dengosa ensina, que de tempos em tempos, precisamos largar tudo e seguir seus caminhos


Se eu for pensar muito na vida, morro cedo. Lembrei disso enquanto o catamarã cruzava as águas escuras da baía de São Marcos, entre São Luís e Alcântara, no Maranhão. Tenho medo d’água: nem sei nadar. E, naquele dia, as ondas de Iemanjá estavam especialmente revoltas.


O Maranhão era a última etapa da minha viagem de cinco meses pelo Brasil. Deixara para trás um bom emprego como redator numa grande agência de publicidade em Porto Alegre. Caí na estrada: o mundo é que é o meu lugar. A vida me tirou para dançar e aceitei o convite. Sequer havia planejado essa viagem. Isso era o mais gostoso: ir aonde dessa na veneta. Apenas me obriguei a alguns compromissos (também para a coisa não virar bagunça): tomar banho de água de cheiro na Lavagem do Bonfim, em Salvador, e dançar maracatu no Carnaval, em Olinda. Viajei leve: uma oração de São Jorge, um livro do Mario Quintana, uma fita do disco Negro é lindo, do Jorge Ben.


Essa viagem não programada me trouxe sentimentos inesperados sobre tudo: pessoas, coisas, lugares. O mais grave deles foi sobre mim. Descobri que de tempos em tempos preciso largar tudo e ir. Como se todos os caminhos estivessem abertos à minha frente. O importante é virar mundo: correr perigos reais e imaginários. Não há sensação melhor que pôr uma mochila nas costas e deixar para trás uma cidade pulsando os seus problemas, as suas paixões, as suas possibilidades. E aventurar-se noutra. Um autoconhecimento forjado nas poltronas dos ônibus, nos albergues da juventude, nas paisagens refletidas nos meus olhos.


Entre o riso e o desespero


A partir dessa necessidade de vez por outra largar tudo, comecei a programar uma viagem pela Europa. Eu buscava nada além de conhecer aqueles clichês: outras culturas, outros sabores, outras bandeiras. Acontece que nunca dava, sempre havia um motivo torpe para manter a minha mochila guardada. Então entra em cena a vida e me tira para dançar: fui demitido. Algo corriqueiro na alta rotatividade da publicidade. Mas o ego demorou a assimilar o soco no estômago. No fundo era a desculpa que precisava para usar a passagem já comprada. Na bagagem do viajante: a oração, o livro, a fita.


Desembarquei em Portugal para provar o sabor inigualável dos pastéis de natas. Fui de tudo um pouco no Velho Continente: garçom, publicitário, DJ. Principalmente fui clandestino, sudaco, sans papier. Na França tive a experiência mais interessante: colhi uvas para os vinhos Beaujolais. O mundo todo estava naqueles parreirais: vietnamitas, poloneses, alemães, senegaleses. Até franceses. Eu defendi as cores nacionais com galhardia. Dancei conforme a música. Nunca esperei momentos especiais nas viagens. Mas quase todos foram inesquecíveis: o Tejo beijando Lisboa, o pôr-do-sol na ilha de Luanda, os beirais de Ouro Preto. Claro que há – e não vale a pena esconder isso – momentos de profunda solidão em que a única companhia pode ser o céu estrelado.


Compreendi que viajar é conjugar todos os verbos. O mais importante deles é aprender. Por exemplo, em Angola, aprendi com os meus amigos João Sorte e Assis Papel (os sobrenomes são assim mesmo) que a guerra não destrói a esperança, a generosidade, os sonhos dos corações dos homens: reaviva-os. Com um sorriso no rosto, aceito mais uma contradança com essa mulher dengosa, que sempre me deixa entre o riso e o desespero. Mal iniciamos o bailado, sussurro em seu ouvido os versos do mestre Nelson Cavaquinho: se eu for pensar muito na vida, morro cedo, amor.


Paulinho Lencina escreve para a Viagem & Turismo, VIP e é um pé-de-vento convicto

domingo, 5 de abril de 2009

Timbalada, Pelô e cerveja