Manhã de sol. A plataforma de Anhumas, em Campinas, está lotada. Todos embarcam para uma viagem no tempo. Mas não é em nenhuma geringonça futurista e sim numa simpática locomotiva a vapor Berliner Maschinenbau, fabricada em 1927, na Alemanha. O chefe da estação faz sinal, a maria-fumaça parte com destino a Jaguariúna, deixando para trás a gare, o futuro e um rastro de fumaça no céu.
Na saída, as pessoas batem palmas e fazem um oh! de espanto. No fundo, apostavam que a máquina não se moveria um milímetro sequer nos trilhos. Erraram feio. Inicia o sacolejo que nos acompanhará todo o percurso: ora a cabeça pende para um lado, ora para o outro. A maior dificuldade é caminhar, as pernas não estão treinadas para o balanço do trem. Ninguém reclama, curtem a viagem no tempo dos seus avós. De repente, a locomotiva pára. O guia sorri e avisa que é normal a máquina perder força. Para fazer esta viagem, a sua caldeira precisa ser alimentada 6 horas antes. Em tempos de trens que alcançam velocidades fantásticas, a nossa maria-fumaça segue a modestos 25 km/h. É o trem-bala de coco, saboreia cada pedaço do caminho.
Esta ferrovia é rica em histórias. Construída em 1872 para escoar a safra cafeeira, acabou sendo conhecida como "Cata café". No seu traçado, existem diversas fazendas, a mais famosa é a São Vicente, projetada pelo arquiteto Ramos de Azevedo, e onde foram gravadas cenas da novela "Terra nostra". A idéia de transformá-la em roteiro turístico surgiu em 1977, com o nascimento da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), que gerencia os passeios até hoje. Este trecho é considerado o terceiro maior do mundo de ferrovia de conservação. A maioria dos turistas vêm de São Paulo e cidades vizinhas. Mas já passearam aqui americanos, japoneses e europeus. Os estrangeiros acham curioso um país onde não há trens de passageiro, possuir esta atração.
O poeta Manuel Bandeira brincou com as palavras para imitar o som do trem: café com pão/ café com pão. Se esta lembrança abriu o seu apetite, é só ir se equilibrando até o vagão-restaurante. O ambiente é simples, com toalhas quadriculadas nas mesas. As opções também são singelas, mas dá para enganar o estômago com biscoitos e lanches. Se a sede bater tem refrigerante, água e cerveja, porque ninguém é de ferro. Tudo por preços acessíveis. As crianças adoram. Como o pequeno Gianluca, 3 anos, que olha a paisagem sumir enquanto devora um pacote de batatinhas. Além disso, você pode levar para casa cartões postais, bonés e fitas de vídeo da viagem.
Na estação Carlos Gomes, todos descem e o guia conta a história da maria-fumaça no Brasil e o seu funcionamento. Esta gare foi restaurada e abriga um museu ferroviário ao ar livre. O Seu Aparecido, que na infância corria para a beira da linha férrea para acenar os passageiros no trem, hoje, aos 41 anos, é um dos maquinistas das três marias-fumaças que fazem o trajeto. Mas seu grande xodó é a Berliner Maschinenbau. "Tenho até uma foto dela na parede lá de casa, mas minha mulher não sente ciúmes", diz dando um sorriso maroto.
Outra vez no trem, seguimos até a Jaguariúna. A única nota triste da viagem: a locomotiva não pode chegar à cidade, porque a linha foi substituída por uma ponte para pedestres. O jeito é a locomotiva trocar de lado e começar a puxar os vagões. No retorno, a maria-fumaça não faz paradas e traz todos felizes de volta para o futuro.
Na saída, as pessoas batem palmas e fazem um oh! de espanto. No fundo, apostavam que a máquina não se moveria um milímetro sequer nos trilhos. Erraram feio. Inicia o sacolejo que nos acompanhará todo o percurso: ora a cabeça pende para um lado, ora para o outro. A maior dificuldade é caminhar, as pernas não estão treinadas para o balanço do trem. Ninguém reclama, curtem a viagem no tempo dos seus avós. De repente, a locomotiva pára. O guia sorri e avisa que é normal a máquina perder força. Para fazer esta viagem, a sua caldeira precisa ser alimentada 6 horas antes. Em tempos de trens que alcançam velocidades fantásticas, a nossa maria-fumaça segue a modestos 25 km/h. É o trem-bala de coco, saboreia cada pedaço do caminho.
Esta ferrovia é rica em histórias. Construída em 1872 para escoar a safra cafeeira, acabou sendo conhecida como "Cata café". No seu traçado, existem diversas fazendas, a mais famosa é a São Vicente, projetada pelo arquiteto Ramos de Azevedo, e onde foram gravadas cenas da novela "Terra nostra". A idéia de transformá-la em roteiro turístico surgiu em 1977, com o nascimento da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), que gerencia os passeios até hoje. Este trecho é considerado o terceiro maior do mundo de ferrovia de conservação. A maioria dos turistas vêm de São Paulo e cidades vizinhas. Mas já passearam aqui americanos, japoneses e europeus. Os estrangeiros acham curioso um país onde não há trens de passageiro, possuir esta atração.
Café com pão, café com pão
O poeta Manuel Bandeira brincou com as palavras para imitar o som do trem: café com pão/ café com pão. Se esta lembrança abriu o seu apetite, é só ir se equilibrando até o vagão-restaurante. O ambiente é simples, com toalhas quadriculadas nas mesas. As opções também são singelas, mas dá para enganar o estômago com biscoitos e lanches. Se a sede bater tem refrigerante, água e cerveja, porque ninguém é de ferro. Tudo por preços acessíveis. As crianças adoram. Como o pequeno Gianluca, 3 anos, que olha a paisagem sumir enquanto devora um pacote de batatinhas. Além disso, você pode levar para casa cartões postais, bonés e fitas de vídeo da viagem.
Na estação Carlos Gomes, todos descem e o guia conta a história da maria-fumaça no Brasil e o seu funcionamento. Esta gare foi restaurada e abriga um museu ferroviário ao ar livre. O Seu Aparecido, que na infância corria para a beira da linha férrea para acenar os passageiros no trem, hoje, aos 41 anos, é um dos maquinistas das três marias-fumaças que fazem o trajeto. Mas seu grande xodó é a Berliner Maschinenbau. "Tenho até uma foto dela na parede lá de casa, mas minha mulher não sente ciúmes", diz dando um sorriso maroto.
Outra vez no trem, seguimos até a Jaguariúna. A única nota triste da viagem: a locomotiva não pode chegar à cidade, porque a linha foi substituída por uma ponte para pedestres. O jeito é a locomotiva trocar de lado e começar a puxar os vagões. No retorno, a maria-fumaça não faz paradas e traz todos felizes de volta para o futuro.